quinta-feira, 28 de julho de 2011

Casa da Rua do Vinagre, nº19.


A casa da rua Marechal Floriano Peixoto, 378; Que no século XIX e início do XX, o endereço era: Rua do Vinagre, nº 19, possui uma bela história relatada por Juca Maciel:
Em 1850, os mestres de obras portugueses Joaquim Alves Canteiro e José Mendes Portal contratados para a construção da Igreja Matriz, a qual teve as obras paralizadas em 1849. Joaquim adquire terras na rua do Vinagre e com ajuda de Portal constroem a casa, primeiramente a parte das três janelas e uma porta e a vendem em 1870 para o Sr. Chico Soares que em 1878 manda erigir a segunda etapa da casa, as duas portas seguintes(que por cerca de 50 anos abrigou o cartório de Registro de Imóveis e depois o Museu Juca Maciel), Neste novo lance, Chico Soares abriu Casa de Comércio, vendendo aos Poloneses, imigrantes que foram destinados para a Baixa Grande e que alí vinham comprar, suprindo-se de secos e molhados. Com o negócio prosperando, o estabelecimento foi ampliado em 1888, com um depósito para as mercadorias e produtos vindos do interior.
Posteriormente Chico Soares foi para Gravataí, herdando a propriedade sua filha Chiquinha, casada com Jacob Barth e este, em 1916, permutou a casa com o Cel. José Maciel, que morava na casa da esquina da XV de Novembro com Borges de Medeiros(ao lado do bar 662).
Nos anos de 1920 a 1922 alí residiu a família do Cel. Paulo Maciel de Moraes, parente do Cel. José Maciel.
Dnª Julieta Bemfica, nesta casa, deu aulas como professora da Vila e por decreto estadual em 3 de abril de 1922, foi criado o Grupo Escolar de Stº Antº da Patrulha, permanecendo alí até a construção do Gregória de Mendonça, inaugurado em 1940.
Em 1933, Juca Maciel empreende uma reforma nas casas, feito em época de férias, pelo pedreiro Italiano Lourenço Message que recuperou o telhado e e assoalho e paredes de estuque pelos pedreiros Italianos moradores no Monjolo conhecidos por "os Zefa". Na ocasião foram trocadas as janelas, perdendo assim a arquitetura colonial
Em 1987, a atual proprietária, Véra Maciel Barroso(filha de seu Juca), iniciou a restauração buscando a originalidade da construção. Num próximo post descreveremos sobre o Museu Juca Maciel e seu Inspirador José maciel Júnior, um apaixonado por sua terra.
Compilado do texto do livro: Stº Antº da Patrulha Re-Conhecendo Sua História.
Fotos: Museu Caldas Júnior e acervo do jornal A Fonte.
Início do século XX. Até a 3ª janela(esq.)construção de 1850, as duas portas seguintes, 1878, últimas portas, 1888.

1992.
2011.

sábado, 9 de julho de 2011

Tio Brito.

Segundo a profª Corália Ramos Bemfica, em entrevista com dnª Gecy Luz Endress, Tio Brito, como era conhecido, era uma boa pessoa, viveu na metade do século XX. Um andarilho, homem honesto que circulava pela cidade e arredores, com invulgar sabedoria sobre ervas e chás. reconhecia cada espécie vegetal e sabia suas propriedades e ensinava o que sabia a quem solicitasse. Não cobrava nada por seus conselhos ou chás, mas aceitava e agradecia quando lhe ofereciam um prato de comida, um café, um pouso ou agasalho. No bairro Madre Teresa, existe uma rua homenageando seu nome.
Conta-se que era filho de escravos do Cel. Sezefredo Torres.
Foto: Fernando Barbieri.
Tio Brito em rara foto.1966.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Dr. Alvarez.

Francisco Flores Alvarez, nasceu em 20 de março de 1910 em Santana do Livramento e ainda muito jovem mudou-se para Porto Alegre onde formou-se em medicina pela UFRGS.
Em 1935 foi nomeado como médico chefe do Posto de Higiene de Stº Antonio da Patrulha. A princípio instalou-se em uma pensão na Av. Borges de Medeiros e montou junto consultório(Onde hoje é a casa do sr. Renato Ramos). Apoiado pelo médico e amigo Dr. Pedro Anflor, começou a fazer amigos e clientes.
Casou-se em 1941 com a profª Irma Verlang, natural de Cacheira do Sul, que aqui residia e trabalhava no Grupo Escolar Gregória de Mendonça. Tiveram quatro filhos, um dos quais morreu ao nascer. os outros são: Luis Fernando,Luis Alberto e Luis Eduardo.
Fixou residência e consultório na Mal. Floriano, passando a atender também no Hospital Municipal e num posto médico nas Pitangueiras.
Tornou-se proprietário do prédio do antigo Posto de Higiene, para onde transferiu o consultório, em 1965 foi reformado para abrigar um hospital, que ficaria conhecido como Hospital do Dr. Alvarez.
Atuava como clínico geral e obstetra(nos dois hospitais). Era um profissional competente e dedicado, tendo feito grande numero de clientes e amigos. Visitava doentes em casa, percorrendo todo o município de carro, jeep e, muitas vezes a cavalo em qualquer hora e dia, não media esforços no cumprimento de seu dever, dos mais pobres nada cobrava, os outros, pagavam conforme as posses.
Era exímio jogador de xadrez, e torcia pro Grêmio, em outubro de 1947 assumiu a direção do Sport Clube Jaú por vários anos, contratava jogadores e os hospedava no Hotel Bela Vista(Esq. Mal. Floriano com Maurício Cardoso).
Desde 1974 começou  a se sentir adoentado e apresentado problemas cardíacos, mas continuou trabalhando. Em 19 de março de 1975, após atender o parto da srª Maria Levi de Souza Guimarães, do qual nasceu Jane, começou a passar mal( um dia antes já havia ficado acamado) e levado às pressas para Porto Alegre, onde veio a falecer um dia antes dos seus 65 anos. Está sepultado no cemitério Municipal.
Seu nome figura como uma das personalidades do município e sendo homenageado com o nome de uma rua e o estádio do Jaú que se chama Francisco Flores Alvarez.
Texto compilado de Gecy M. da Luz Endress. Livro Santo Antonio da Patrulha Re-Conhecendo sua história. Fotos: Museu Caldas Júnior, Mario Antônio Barcelos, Alexandre Fernandes, Katya Assis(ficha), Desenhos e foto: livro Stº Antº da Patrulha Re-Conhecendo sua História.

Dr. Alvarez ( terno bco) junto de autoridades.
Posto de Higiene, futuro Hospital do Dr. Alvarez.
Futura casa da Mal. Floriano e consultório.
Prédio nos anos 90 já abandonado.
Sabe a “Rua do Hospital do Dr. Alvarez?” – todos os patrulhense conhecem essa rua não como Rua Cel. José Nunes, mas como a “Rua do Hospital do Dr. Alvarez”. Corremos um grande risco de o nosso Antigo Hospital desaparecer, de perdermos parte da nossa história. Patrulhenses e amigos do patrimônio histórico e cultural, nosso velho e conhecido Hospital GRITA POR SOCORRO!!!!
O Hospital é parte importante da história de nosso município, pois foi um dos mais importantes hospitais em toda a história do Município. Em 30 de março de 1941, o Dr. Bonifácio José da Silva inaugurou o Posto de Higiene da Cidade; em 1965 passou para as mãos de um dos mais conhecidos e saudosos médicos de Santo Antônio da Patrulha, Dr. Francisco Flores Alvarez, onde atendeu inúmeras pessoas, tanto da sede do Município como do interior; o Hospital esteve em funcionamento mais tarde como Casa de Saúde na posse de outros proprietários, até meados da década de 1970.
O Antigo Hospital do Dr. Alvarez está presente até os dias de hoje na memória dos patrulhenses. É testemunho vivo da herança cultural de gerações passadas que exerce papel fundamental, transmitirá para as gerações que estão por vir as referências de um tempo e de um espaço singular, que jamais serão revividos, revisitados, criando a ligação da história com o presente. È um “lugar de memória” na vida daqueles que participaram na construção desse espaço, de forma indireta com aqueles que trabalharam e conviveram enquanto estava funcionando, e de forma indireta, naqueles que ficou apenas na lembrança o Antigo Hospital, como ponto de referência talvez. É comum ainda hoje escutarmos as pessoas referindo-se a Rua Cel. José Nunes, com a “Rua do Hospital Alvarez”, prova que para os patrulhense o Antigo Hospital ainda está “vivo”, faz parte na memória coletiva de nosso município.
Foi construído em 1933. Trata-se de um exemplar arquitetônico excepcional dentro do sítio histórico da cidade alta, por tratar-se do único sobrado de dois pavimentos construído no estilo eclético. Construído no alinhamento do lote, é dotado de uma fachada simétrica com balcão central abalaustrado, com dois consolos de argamassa decorados. Apresenta seis pilastras de capitel coríntio no pavimento superior encimadas pela platibanda trabalhada com formas geométricas simples e ornato aplicado. Outro elemento peculiar é o torreão, uma espécie de mirante circular oitavado localizado na fachada sudeste, que dotado originalmente de uma cobertura de telhas cerâmicas, constituía importante marco visual vertical na paisagem urbana do município. O embasamento da edificação encontra-se pouco alterado, com a substituição de três portas por janelas, sem, no entanto agredir as proporções e o ritmo de fenestrações originais. Também foi acrescido revestimento em pedra basalto neste trecho. Destaca-se ainda a localização deste bem, em ponto focal de uma das visuais da Praça Júlio de Castilhos, articulando de certa forma uma continuidade do conjunto histórico da Avenida Borges de Medeiros e da Rua Marechal Floriano com este espaço público de lazer.
O prédio do Antigo Hospital foi reconhecido por este Município mediante a Lei 5.120/2006 e, principalmente, pela população patrulhense como Patrimônio Histórico Cultural de Santo Antônio da Patrulha. Na referida lei consta no Art. 1º - “O Patrimônio Histórico e Cultural de Santo Antônio da Patrulha é constituído por bens móveis e imóveis existentes em seu território, e, que por seu valor cultural, seja do interesse público conservar e proteger contra a ação destruidora da atividade humana de do tempo”.
O prédio do antigo Hospital encontra-se em elevado grau de degradação. As estruturas em madeiras não aguentaram a ação do tempo e apodreceram, comprometendo todo o madeiramento do prédio, que grande parte ruiu. O Antigo Hospital está sem manutenção há cerca de 30 anos, portanto vulnerável a ação do tempo e de vândalos, pois encontra-se com as aberturas quebradas. A parte principal está sustentada somente pelas paredes em alvenaria, sendo que as mesmas correm grande risco de desabar por estarem expostas ao sol e a chuva.
Aos arredores do bem histórico, residem famílias que estão correndo grande risco, pois a qualquer momento as paredes do prédio podem desabar sobre suas residências, causando muitos prejuízos materiais e infinitos prejuízos humanos, caso caia sobre um dos moradores.
Nosso PATRIMÔNIO GRITA POR SOCORRO!!! Precisamos nos mobilizar para salvar a nossa história contida naquelas paredes. O abaixo assinado nos possibilitará exigir ação dos órgãos competentes, para que tome as medidas cabíveis de para a manutenção da estrutura ainda existente da edificação, determinando o escoramento emergencial de toda a estrutura, a consolidação das ruínas e resgate das partes já degradadas.
Se você quer preservar a sua história, clique no link assine e salve nosso patrimônio!!!

http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2011N17614




Bibliografia
ENDRESS, Gecy M. da Luz. Dr. Alvarez. In.: Barroso, Vera Lucia Maciel, et aliae (org.). Santo Antônio da Patrulha: Reconhecendo sua história. Porto Alegre: Editora Est, 2000.
NICANOR, Luiz. Dr. Bonifácio José da Silva. In.: Barroso, Vera Lucia Maciel, et aliae (org.). Santo Antônio da Patrulha: Reconhecendo sua história. Porto Alegre: Editora Est, 2000.
SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA. Câmara de Vereadores. SAP. Disponível em http://www.camarasap.rs.gov.br/paginas/dtllei.asp

Fotos de Marcelo Fernandes
Análise arquitetônica de Jorge Luís Stocker Jr.